(de Propércio)
Passe o dia sem nuvens, sopre o vento,
e as ondas descansem na praia.
Que a luz do dia não mostre a dor.
E tu, amada minha, gerada em auspício leito,
dedica ao deus o que lhe é justo.
Com água fresca espanta o sono
e prende ao alto a luzente madeixa,
o vestido põe - o que a meus olhos
primeiro encantou -, a fronte enfeita
de coloridas flores, e roga
que a beleza que te cobre
reluza perene ante meus olhos.
E quando o incenso florir o ar
e a casa toda reluzir na chama,
ponhamos a mesa, e que entre as taças
escorra a noite e olor de açafrão
perfume nossas faces cálidas. Que a flauta
soe débil, chamando à dança,
e tuas palavras se libertem de pudor.
O doce convite espante o sono ingrato
e a rua ressoe clara ao nosso rumor.
Que o destino lance os dados e nos diga
a quem flechou demais o menino alado.
Por fim, alta noite, pós tantas taças,
Vênus convidará aos sacros ritos
e em nosso leito celebraremos
assim selando o teu natalício.