Do não entendimento do mundo, Cídio Martins, dez. 1997
para Eduardo Oliveira e Marcela de Souza
A juventude é um estágio curioso. Praticamos tolices que mudam o mundo (ao menos esperamos que mudem), somos iconoclastas, arrogantes, invulneráveis. Tudo isso sem saber muito para onde as coisas vão. Confiança em excesso e autocrítica deficiente. Que bom que sejamos assim! Eppur si muove! O medo de errar está bem abaixo da volúpia de criar, acontecer, movimentar. A experiência precisa ser aberta a facão.
Radares da tarde, Sidnei Xavier, 1998
Só se é poeta após os 30!? Rimbaud era traficante, não há dúvida. Antes foi só um garoto vulcânico, que cobriu de lava uma Paris burguesa. O que veio depois são conjecturas.
MCMXCVIII, Dirceu Villa, 1998
Relendo o que produzimos antes dos 30 na extinta Série Badaró, nada vejo que me traga aquele ar de nostalgia das coisas passadas. Há ingenuidade e arrogância, claro. Há falhas e iluminações, buscas e descobertas, sim. Mas há, sobretudo, uma pulsão de arte, um vigor de conquista tão latente naqueles escritos, que consigo lê-los como se mal tivessem saído do prelo. Não sei até que ponto a experiência de fazer aqueles livros da capo, de cabo a rabo, da mente de cada autor à mão de cada leitor, nos dá uma sensação de concretude, como se nos tivesse sido tatuada, e por mais que se queira, não se consegue ignorar.
O amor dos telepatas e Anjos no limbo, Rafael Vogt Maia Rosa, 1999
A Série Badaró foi curta, durou cerca de três anos e seis livros, criou fatos e factóides, amizades e desencontros, esvaziou copos e juntou, num espaço e tempo inapreensíveis, em torno da idéia utópica de publicar livros, personalidades tão díspares quanto entusiasmadas.
Almenara, Rogério de Almeida, 1999