era difícil a pergunta
anos depois de ter
o coração incensado
no teu sorriso de nuvem
e agora revê-lo alvo
como outrora aberto
a minhas mãos inda
incompletas do gesto
de moldá-los, era como
solfejar a melodia
soterrada pelas noites
ruidosas de memórias
no início do espetáculo.
mas tão pungido foi o azul
dos teus olhos nos meus
dedos trêmulos que o sangue
ardeu-me a mente entulhada
de desejos e o teu calor
de voz gravado em meu leito
de verdades centelhou em meu
rosto cativo ao teu intento.
só que não era o nosso tempo
o mesmo nos relógios, e os teus segundos
de partilha escorreram sob a chuva
rara do céu marchetado de julho.
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