eu lhe
tinha feito muitos poemas
do tipo
“teus olhos...” ou “os lábios...”
posto
“cerejas” e “centelhas”, e não “procelas”
enquanto
à janela se orgulhava
de si
talvez, da beleza oferecida em versos,
que
embora fracos, de andamento trôpego,
ainda
assim tinham um quê de sincero,
que não
garante a poesia mas rendiam beijos.
no dia
em que (nada a ver com os poemas)
resolveu
mudar de arte, e o amor que eu sentia
(gostara
de amar) forçava os muros do peito,
lhe fiz
o derradeiro poema, sentido, pungente
(só de
lembrar-lhe como dançava na tumba
me
enche os dedos de orgulho) para o momento:
ela
pediu-me o papel, mas rasguei-o.
a merda
é que agora não lembro
as palavras
que usei. Queria mostrar a vocês
o poeta
que fui. Como era, o começo, mesmo?