segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ocorrência

se sabe que havia

oito tiros nas costas

e o corpo no mato

jogado pelos capangas

após a discussão

sobre quem errara

quando o vigia do banco

sacou o 38

e expirou ali

junto à porta de vidro

não sem antes

desferir três tiros

e um deles na coxa

do que estava

junto ao caixa,

o motorista,

que estacionara

frente à agência

o Santana roubado

azul metálico,

rodas de liga leve

e os bancos altos

que a loirinha

a chamada

de gostosa

ingenuamente

cobiçara

quando os quatro

cruzavam

a Nove de Julho

paquerando

as encorpadas

após repassado

o plano do assalto

na loja de tintas

ainda aberta

àquela hora

apesar de viva alma

entrar no intuito

de embelezar a vida

entre quatro paredes

enquanto se cheirava

cocaína no banheiro

dos fundos e sorria-se

da vida nem assim

tão franca

mente

diluída nem também

trágica, mas da pequena

Carolina, quatro anos,

que, dizia-se,

o humor da mãe,

o que era o mote

dos sorrisos estampados

quando as armas

se fechavam

após serem revisadas.

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